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Na Cúpula das Américas, o IICA fez um chamado à ação coletiva dos países do Hemisfério para combater a insegurança alimentar, promover a sustentabilidade e garantir paz e a estabilidade democrática 

Portada del documento.
O documento “Propostas para reforçar a ação coletiva nas Américas com o objetivo de combater a insegurança alimentar e assegurar o desenvolvimento sustentável” foi apresentado pelo IICA na Cúpula das Américas, em Los Angeles.

Los Angeles, Estados Unidos,10 de junho de 2022 (IICA) – O trabalho coordenado dos países das Américas evitará uma crise alimentar, nutricional e humanitária na região e no mundo em tempos de superposição dos efeitos da pandemia da Covid-19 e do conflito bélico no Leste Europeu, que mexem com as cadeias de abastecimento e fazem disparar os custos da produção agroalimentar e os preços da comida – sinaliza o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
 
Com essa premissa, o IICA, organismo internacional especializado em desenvolvimento agropecuário e rural do Sistema Interamericano, apresentou na Cúpula das Américas propostas concretas para a ação coletiva dos países da região, com foco no fortalecimento e na transformação dos seus sistemas agroalimentares, que são ferramenta fundamental para a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a busca de paz e estabilidade democrática.
 
O documento “Propostas para reforçar a ação coletiva nas Américas com o objetivo de combater a insegurança alimentar e assegurar o desenvolvimento sustentável”, apresentado pelo Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, no encontro hemisférica de Chefes de Estado e de Governo, ressalta que a abundância de recursos naturais representa para as Américas a grande oportunidade de se alcançar maior diversificação produtiva para a geração de benefícios nas áreas econômica, social e ambiental, contribuindo para a consolidação democrática no Hemisfério.
 
“O funcionamento dos sistemas agroalimentares das Américas”, afirma o IICA, “repercute no nível global, tanto em termos de segurança alimentar como de sustentabilidade ambiental. O continente é o principal exportador mundial líquido de produtos agropecuários e de alimentos, o que o transforma em âncora fundamental da segurança alimentar mundial e contribui para a estabilidade dos preços e a oferta desses produtos”.
 
“O mal funcionamento dos sistemas agroalimentares da região”, acrescenta, “além de afetar a segurança alimentar e a sustentabilidade do planeta, pode acarretar externalidades negativas para o restante do mundo, como a migração em condições de estresse e maior vulnerabilidade social”.
 
O documento mostra que a região dispõe de ativos que potenciam o seu papel estratégico para o futuro como continente de paz, com disponibilidade de recursos naturais e diversidade de sistemas produtivos, mas que também lida com lacunas sociais e de produtividade que revelam a necessidade de modernização dos sistemas agroalimentares. Lembra ainda que as Américas têm uma história de esforços conjuntos entre países que deve continuar.
 
Frente a cenários políticos, econômicos e comerciais incertos e de volatilidade sustentada e crescente, o IICA destaca que a oportunidade está no trabalho conjunto de governos, setor privado, organismos multilaterais de crédito e cooperação técnica e sociedade civil, que levará a região a patamares mais altos de desempenho produtivo, comercial, social e ambiental. Com os países da região trabalhando de forma coordenada e solidária, nada indica que as condições atuais possam desembocar em uma crise humanitária.
 
Entre as ações que o IICA propõe para a abordagem dos desafios de curto prazo estão:
 
- a criação de instâncias de diálogo público-privadas para monitorar preços e assegurar o abastecimento de fertilizantes para as safras 2022-2023;
 
- a coordenação com o sistema bancário para o financiamento adequado à elevação dos custos de produção;
- o reforço das redes de proteção social e dos planos alimentares para sustentar o acesso das populações de renda menor e vulneráveis a dietas saudáveis;
- a promoção do comércio e a integração regional; e
- a garantia do funcionamento adequado do comércio internacional de alimentos, evitando-se a geração de maior volatilidade nos mercados mundiais.
 
O IICA alerta que o cenário de crises superpostas exige respostas urgentes no curto prazo, que gerem resiliência em um mundo futuro que se antecipa mais desafiador e instável.
 
Para as tarefas de médio e longo prazo, o IICA propõe quatro eixos estratégicos, que retomam os consensos alcançados pelos ministros da agricultura das Américas – em extensas jornadas de debate coordenadas pelo organismo – em torno de 16 mensagens-chave sobre o papel insubstituível da agricultura, que o continente apresentou à Cúpula de Sistemas Alimentares 2021 das Nações Unidas.
 
O primeiro eixo é o fortalecimento e a transformação dos sistemas agroalimentares das Américas. Destaca-se aqui o papel essencial dos sistemas agroalimentares no desenvolvimento econômico, no emprego decente e nas exportações, com base em um setor privado dinâmico e na inclusão das mulheres, das minorias e dos jovens.
 
Pertencem ao segundo eixo os desafios e as oportunidades do comércio agroalimentar das Américas no novo contexto geopolítico. O documento adverte que é conveniente promover-se e facilitar-se o comércio intrarregional de produtos alimentares, que hoje não está sendo aproveitado em todo o seu potencial por problemas como insuficiência de infraestrutura e logística e ausência de convergência regulatória apropriada.
 
O papel da ciência, da tecnologia e da inovação como instrumentos centrais para uma produção agroindustrial eficiente e sustentável e para o preenchimento das lacunas de produtividade é o terceiro eixo. A tecnologia aparece como o meio de adaptação à mudança do clima com o aproveitamento do potencial produtivo, para o que é imprescindível assegurar as capacidades de acesso às tecnologias mediante o aumento dos níveis de investimento em pesquisa e desenvolvimento na região.
 
O quarto eixo é a necessidade de se facilitar a inclusão econômica e social reforçando-se o sistema cooperativo. Neste sentido, observa-se que a crise está colocando a agricultura familiar sob pressões adicionais, sem alívio das que já vinha sofrendo.
 
O documento afirma que a presença de empresas cooperativas agrárias nas economias rurais é particularmente importante em cenários de incerteza. Convencido disso, o IICA elaborará diversas ações e projetos de alcance hemisférico – em parceria estratégica com instituições internacionais, redes acadêmicas, o setor privado e a sociedade civil – para facilitar a modernização da agricultura familiar e fortalecer os líderes cooperativos.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int