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Autoridades agropecuárias e pesquisadores da América Latina e do Caribe destacam o uso de bioinsumos como ferramenta para aumentar a produtividade e a sustentabilidade da agricultura regional 

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Primeiro Foro Pan-Americano de Bioinsumos: perspectivas e oportunidades para um subsetor em crescente desenvolvimento.

Cidade do Panamá, 29 de maio de 2023 (IICA). Os bioinsumos são uma ferramenta para aumentar a produtividade sustentável da agricultura das Américas, pois contribuem para melhorar a saúde integral, a geração de novas oportunidades econômicas nos territórios rurais, a descarbonização, a sustentabilidade ambiental e a resiliência climática, de acordo com autoridades agrícolas regionais e pesquisadores reunidos no Panamá.
 
O Primeiro Foro Pan-Americano de Bioinsumos: Perspectivas e Oportunidades para um Subsetor em Crescente Desenvolvimento aconteceu na capital panamenha para abordar os desafios e as vantagens que essas matérias-primas biológicas oferecem, em conjunto com a necessidade de se contar com sistemas agroalimentares mais sustentáveis nas Américas e que produzam mais e melhores alimentos com recursos mais limitados.
 
O encontro foi organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Regional de Tecnologia Agropecuária (FONTAGRO, patrocinado pelo IICA e o BID) e o projeto Sistemas Agroflorestais Adaptados para o Corredor Seco Centro-Americano (AGRO INOVA, financiado pela União Europeia e implementado pelo IICA).
 
Participaram da abertura: Alexis Pineda, Vice-Ministro de Desenvolvimento Agropecuário do Panamá; Manuel Otero, Diretor Geral do IICA; Adolfo Campos, Chefe da Seção Política e de Imprensa da Embaixada da UE no Panamá; Germán Zappani, Chefe de Operação do Escritório do BID no país; Adoniram Sánchez, Coordenador Sub-regional da FAO; Arnulfo Gutiérrez, Diretor Geral do Instituto de Inovação Agropecuária do Panamá e Presidente do FONTAGRO; Eugenia Saini, Secretária Executiva do FONTAGRO; e Gerardo Escudero, Representante do IICA no Panamá.
 
“Os bioinsumos estão em constante crescimento e isso é uma resposta ao elevado custo dos agroquímicos e seu impacto na saúde pública, no meio ambiente, no clima e nos requisitos de inocuidade que os países estão estabelecendo no comércio”, expressou o Vice-Ministro Pineda.
 
“Os países da América Latina e do Caribe terão a oportunidade de aproveitar os resultados desse foro, para que os tomadores de decisões tenham os elementos técnicos e científicos para criar políticas públicas visando diminuir a incerteza no abastecimento e os riscos representados pelo uso de agroquímicos”, acrescentou o funcionário panamenho.
 
A conferência magna de abertura foi proferida por Mark Trimmer, cofundador e sócio diretor da Dunham Trimmer, empresa especializada no mercado de bioinsumos, que explicou que esses produtos são um dos caminhos que mais crescem na bioeconomia, esperando-se que a América Latina e o Caribe tenham uma grande liderança internacional.
 
“O uso de bioinsumos está crescendo a taxas anuais próximas a 13% em biocontroladores, bioestimulantes e biofertilizantes, superando em muito as taxas de crescimento da agricultura tradicional. Em biocontrole, que representa quase 60% do mercado total de insumos biológicos, a região hoje representa 20% do mercado total, de US$1,231 bilhões, sendo a terceira em importância e a que apresenta maiores taxas de crescimento”, afirmou Trimmer.
 
Acrescentou que é esperado que a América Latina e o Caribe alcancem 29% do mercado total de biocontroladores em 2029 e que representem a região com maior participação no mercado mundial, acima dos Estados Unidos e do Canadá.
 
“Em nossa região, fatores como o alto preço dos fertilizantes químicos, a interrupção da cadeia de suprimentos, os impostos aduaneiros comerciais e a necessidade de dispor de sistemas agroalimentares de menor impacto ambiental têm fomentado a demanda e o uso de bioinsumos. Além disso, a abordagem de uma só saúde e a necessidade de equilibrar produtividade e sustentabilidade ambiental posicionam os bioinsumos como uma alternativa estratégica”, expressou Manuel Otero, Diretor Geral do IICA.
 
Adolfo Campos, da UE, advertiu que a produção de bioinsumos sustenta a agricultura orgânica, permitindo diminuir a dependência de insumos externos e contribuindo para uma agricultura mais sustentável e ecológica.
 
“Durante 2022, o setor viveu uma escalada nos custos dos fertilizantes que afetou os preços dos alimentos, por isso a UE busca fortalecer as capacidades na formulação e produção de bioinsumos como uma alternativa para melhorar a condição fisiológica de cultivos e para ter uma melhor resposta aos ataques de pragas”, acrescentou.
 
Os participantes do encontro concordaram que a guerra na Ucrânia foi um gatilho para o aumento dos preços de fertilizantes e pela sua escassez no mercado, de modo que esse foro de diálogo tem grande relevância na busca por alternativas para a produção de bioinsumos.
 
“Como Grupo BID, estamos presentes para participar como coorganizadores desse primeiro Foro Pan-Americano de Bioinsumos, uma vez que entendemos a crescente importância dos bioinsumos nos países da América Latina e do Caribe e o potencial que eles têm para oferecer respostas aos grandes desafios que o setor agropecuário enfrenta em âmbito econômico, ambiental e comercial. O apoio ao desenvolvimento de bioinsumos também contribui para os nossos objetivos no que concerne ao fomento da segurança alimentar, um dos desafios mais prementes enfrentados pela região”, afirmou Germán Zappani, do BID.
 
No encontro, Adoniram Sánchez, da FAO, destacou que “o nosso objetivo é contribuir para a construção de sistemas agroalimentares que possam suprir a crescente demanda de alimentos, sem comprometer a saúde do nosso planeta. Esse foro é um passo importante nessa direção, proporcionando recomendações específicas com base em uma análise detalhada do uso e do potencial de investimento dos bioinsumos na região”.
 
Arnulfo Gutiérrez, Diretor Geral do Instituto de Inovação Agropecuária do Panamá e Presidente do FONTAGRO, observou que “consideram extremamente necessário trabalhar em conjunto no desenvolvimento de novas tecnologias de bioinsumos como alternativa para sistemas agropecuários mais sustentáveis e amigáveis ao ambiente. Pelas instituições de ciência, tecnologia e inovação da região, pode ser dada uma contribuição realmente crucial para desenvolver tecnologias com base na biodiversidade local; além disso, as redes de inovação técnica-científica do FONTAGRO representam uma ferramenta única para que se possa avançar nisso”.
 
Os participantes do foro concordaram que a América Latina e o Caribe têm vantagens comparativas para promover os bioinsumos como uma tecnologia estratégica para a transformação da agricultura, mas o seu aproveitamento real requer que os países empenhem esforços na promoção da ciência, da tecnologia e da inovação, na formulação e implementação de normativas, no fomento de instrumentos financeiros adequados e na promoção do mercado e de investimentos produtivos.

Mais informação:
Hugo Chavarría, Gerente Programa de Inovação e Bioeconomia. 
hugo.chavarria@iica.int