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Reunião ministerial hemisférica

Por seu potencial produtivo, a agricultura das Américas terá papel central na recuperação global pós-pandemia

El encuentro realizó un diagnóstico de la situación de los sistemas agroalimentarios, con énfasis en los pequeños productores
Na Terceira Reunião Hemisférica de Ministros/as e Secretários/as de Agricultura das Américas, organizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação do Peru, com apoio do IICA e da FAO, foi realizado um diagnóstico da situação dos sistemas agroalimentares com ênfase nos pequenos produtores.

São José, 16 de abril de 2021 (IICA). Os países das Américas fizeram um apelo para reforçar o papel central e estratégico da agricultura e destacaram uma visão convergente em sua função de fornecedores de alimentos de qualidade e serviços ecossistêmicos que resguardam os recursos hídricos e a biodiversidade e contribuem para o combate à mudança do clima.

Esse foi um dos consensos alcançados na Terceira Reunião Hemisférica de Ministros/as e Secretários/as de Agricultura das Américas organizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação do Peru, com apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e da FAO e cujas deliberações foram dominadas pelo forte impacto na segurança alimentar e nutricional proveniente da pandemia de Covid-19 na região.

Os participantes, representantes de todos os países do continente e que destacaram o apoio técnico do IICA, explicaram as ações levadas a cabo por cada uma das nações para sustentar a produção de alimentos e as cadeias de abastecimento diante da emergência e ressaltaram a resiliência demonstrada pelos sistemas agroalimentares da região perante a drástica queda de atividade econômica gerada pela pandemia.

O encontro realizou um diagnóstico da situação dos sistemas agroalimentares, com ênfase nos pequenos produtores. Também foram enviadas mensagens de preocupação e solidariedade pela situação em São Vicente e Granadinas, onde a recente erupção de um vulcão obrigou à evacuação de cerca de 20% da população do país caribenho e afetou as regiões do país dedicadas à atividade agropecuária.

O papel cumprido pelos sistemas agroalimentares para o crescimento econômico da região foi valorizado pelo Ministro de Desenvolvimento Agrário e Irrigação do Peru, Federico Tenorio, anfitrião da reunião, realizada de maneira virtual. “O difícil contexto sanitário reafirmou sua importância para a superação da pobreza, a geração de empregos e a recuperação da economia em geral”, sustentou Tenorio.

“É essencial que as diferentes visões dos Estados sejam captadas para a Cúpula dos Sistemas Alimentares. Há três pontos fundamentais que devem ser considerados para fortalecer a sustentabilidade desses sistemas: investimentos em ciência e inovação, a melhor maneira de desenvolver práticas sustentáveis; não podemos esquecer do imperativo da Agenda 2030, não deixar ninguém para trás, devemos erradicar a fome do mundo na próxima década; e o comércio internacional baseado em regras justas e transparentes para garantir a segurança alimentar e reduzir a pobreza”, disse a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina.

“No Brasil já produzimos carne sem emissão de gases de efeito estufa. Mas nossos esforços serão em vão, se não conseguirmos eliminar a fome no mundo nos próximos dez anos”, acrescentou a Ministra brasileira.

O Ministro da Agricultura da Colômbia, Rodolfo Enrique Zea, assinalou que “estamos promovendo estratégias para fortalecer o setor agropecuário na pandemia. Continuamos com o financiamento à agricultura. Além disso, mantivemos o setor aberto, bem como toda a sua cadeia de apoio, para garantir a segurança alimentar. Continuamos com o processo de promoção de exportações agropecuárias e, inclusive, 2020 foi o ano com mais exportações na história da Colômbia”, assinalou.

A América Latina e o Caribe são os maiores exportadores líquidos de alimentos no mundo, com cerca de 14% do comércio mundial, de forma que têm um enorme potencial para ter êxito ao lidar com o processo de transformação da agricultura, o qual já está em andamento e é irreversível.

Os países que são grandes exportadores de produtos agroalimentares são os que mostraram uma maior resiliência na região, onde a pandemia gerou uma situação crítica, uma vez que a queda do PIB e o aumento da insegurança alimentar foram maiores do que no resto do mundo, segundo dados revelados na reunião.

“A saída dessa pandemia será entre todos, e não de maneira individual. A região é conclamada a ter um papel fundamental nos diálogos sobre os sistemas alimentares, e todos sabemos que a nossa região não é a responsável pela mudança do clima. Estamos seguros de que deve haver um sistema de adaptação financiado pelos devedores da mudança do clima”, disse Jorge Solmi, Secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina.

O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, celebrou a discussão sobre os sistemas agroalimentares na reunião. “A utilização do prefixo do setor ‘agro’ é fundamental, porque com ele se reconhece que sem produção agrícola não há matérias-primas que possam ser transformadas em alimentos e, portanto, seria utópico alcançar a segurança alimentar”, afirmou Otero ao renovar seu apoio ao processo das Cúpulas sobre Sistemas Agroalimentares convocado pela ONU, ressaltando que é necessário aumentar a representação da América Latina e do Caribe, bem como de seus agricultores.

“Os sistemas agroalimentares — acrescentou — já estão em um processo de mudança irreversível que deve continuar a evoluir por uma parceria sinérgica com o meio ambiente. Estamos diante de uma grande oportunidade para desenvolver sistemas mais maduros, com respeito irrestrito pelo ambiente e ênfase na qualidade nutricional”.

Além disso, solicitou que “todos estejamos unidos com o povo de São Vicente e Granadinas, bem como com o de Barbados, que estão sofrendo o impacto das cinzas vulcânicas. O IICA empenha suas melhores capacidades para mitigar essa dramática situação”.

Víctor Villalobos, Secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México, por sua vez, disse que “fortalecer os sistemas alimentares requer esforços globais que possibilitem a reativação econômica e mais oportunidades para os pequenos produtores. Devem ser incorporadas inovações apropriadas às condições agroecológicas dos territórios. E a cooperação é fundamental para manter o acesso aos alimentos”.

Por sua vez, o Ministro da Agricultura e Pesca da Jamaica, Floyd Green, indicou que “gostaria que fosse promovida, pelo Caribe, uma plataforma logística para trocar com maior facilidade a nossa produção agropecuária, abastecer o setor de turismo e fortalecer os vínculos. O IICA pode nos oferecer apoio técnico quanto a isso”.

No encontro, o Diretor Geral da FAO, Qu Dongyu, ressaltou o papel da América Latina e do Caribe na segurança alimentar mundial, da mesma forma que o Representante Regional Julio Berdegué e o Ministro da Agricultura e Pecuária da Costa Rica, Renato Alvarado, que afirmou que a pandemia demonstrou que a reativação econômica será alcançada se os países fizerem uma integração interinstitucional. “Por exemplo, na América Central, nós, ministros, temos entrado em consensos para promover a resiliência do setor agropecuário com base na proteção do solo, na gestão dos recursos hídricos, em novas tecnologias e de sua transferência e nas boas práticas agrícolas, entre outras medidas”, indicou Alvarado.

“O setor agropecuário é prioridade na República Dominicana. Mais crédito, mais acesso a mercados para pequenos agricultores, melhor uso de recursos naturais. Precisamos de mais capacitação e assistência técnica para melhor construir nossos sistemas alimentares”, sustentou, por sua vez, o Ministro da Agricultura do país, Limber Cruz.

O IICA considera que os principais pontos a serem levados em consideração para enfrentar as transformações dos sistemas agroalimentares são três, conforme assinalou o Diretor de Cooperação Técnica do Instituto, Federico Villarreal. O primeiro é que os sistemas alimentares não podem ser pensados sem os agricultores; o segundo, que as decisões devem ser baseadas no conhecimento científico; e o terceiro, que a agricultura é fundamental para enfrentar os graves problemas que a humanidade tem diante de si, sendo, portanto, parte da solução.

Villarreal também se referiu à importância de que a voz dos agricultores familiares das Américas seja ouvida na Cúpula de Sistemas Alimentares, convocada para este ano pelas Nações Unidas.

“A agricultura familiar — explicou — inclui mais de 60 milhões de pessoas no hemisfério e é uma das principais fontes de emprego nos territórios rurais. Os sistemas agroalimentares nacionais são construídos a partir dos territórios rurais. Os produtores são os únicos que podem contribuir para a demanda de mais e melhores alimentos, e devem estar representados”.

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