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Cúpula sobre sistemas alimentares: as Américas avançam no estabelecimento de mensagens convergentes destacando o papel da agricultura

II Dialogo
O debate foi dividido em quatro grupos de trabalho, nos quais foram discutidos diversos aspectos das posturas que a região proporá no encontro global, onde a ONU propõe estabelecer compromissos e medidas mundiais que transformem os sistemas alimentares.

São José, 4 de junho de 2021 (IICA) — Os países das Américas avançam no estabelecimento de mensagens convergentes antes da Cúpula sobre os sistemas alimentares convocada pelas Nações Unidas (ONU): a mensagem colocará em primeiro plano a agricultura e os agricultores e buscará mostrar ao mundo as transformações que estão ocorrendo nas formas de produção do Hemisfério a favor da sustentabilidade.

Mais de 70 peritos dos governos dos diversos países do continente avançaram nesse sentido no Segundo diálogo virtual de apoio à Cúpula, impulsionado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

Trata-se de uma série de debates dos quais participam representantes dos 34 Estados membros do Instituto, que compartilham informações sobre seus próprios diálogos nacionais e trocam pontos de vista sobre os temas relacionados à Cúpula. O propósito final de encontrar consensos, de maneira que as Américas apresentem uma postura comum no encontro global.

O que se busca, como disse Lloyd Day, Subdiretor Geral do IICA, na abertura da reunião é “definir uma mensagem para que o mundo nos escute”. Day acrescentou: “Queremos aproveitar essa Cúpula para dizer que os sistemas alimentares podem melhorar, mas não devemos esquecer que a América produz alimentos para todo o mundo”.

O IICA integra a Rede de Campeões de Cúpulas — constituída por um conjunto de indivíduos e organizações comprometidos com seus objetivos — como representante dos setores agrícola e rural da América do Norte, da América Latina e do Caribe.

“Concordamos com a visão do IICA, de que a agricultura é parte da solução e não do problema”, disse Maximiliano Moreno, Diretor de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina.

Moreno foi enfático ao ressaltar que a Argentina e outros países da América Latina e do Caribe têm avançado, nos últimos anos, para práticas sustentáveis, como a utilização da semeadura direta e cultivos de cobertura para proteger os solos.

Quanto ao impacto da agricultura da região na emissão de gases de efeito estufa, que produzem a mudança do clima, afirmou: “Todos devemos contribuir para a mitigação, mas também é claro que as responsabilidades históricas, e inclusive as atuais, não são iguais no que concerne à mudança do clima. Portanto, no momento de definir as contribuições de cada país, deve-se levar em conta de onde partimos, para realizar uma transição justa e respeitando as diversidades locais”.

Flavio Bettarello, Secretário Adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, indicou que, “na Cúpula de sistemas alimentares, devemos deixar claro, como Hemisfério, que não há uma só resposta para os desafios complexos que devemos enfrentar, de modo que as ferramentas devem se adaptar à realidade de cada país. Não podemos priorizar um problema sobre outros e devemos considerar um grande número de opções que se adaptem às condições e à natureza de cada região e de cada país. Confio que, no Terceiro Diálogo, possamos chegar a um consenso sobre uma série de mensagens que expressem a situação e as necessidades de nosso continente para ser apresentadas ao resto do mundo”.

O terceiro Diálogo virtual de apoio à Cúpula será realizado na terça-feira, 15 de junho. As informações coletadas formarão a base de um relatório e de uma “Declaração de Mensagens” que serão colocados em consideração do Comitê Executivo do IICA no final de junho, para sua validação.

Lisa Myers Morgan, Diretora Principal de Pesquisa do Ministério da Agricultura e Pesca da Jamaica, mencionou a vulnerabilidade aos eventos climáticos extremos enfrentada pelos Estados insulares do Caribe e afirmou enfaticamente que “os furacões e ciclones afetaram a nossa capacidade de ter sistemas alimentares sustentáveis”.

Por sua vez, Reynaldo Dardón, funcionário do Ministério da Agricultura e Pecuária de El Salvador, mencionou os desafios enfrentados pelas nações centro-americanas. “Estamos em uma situação delicada, pois importamos 80% do que comemos. Estamos trabalhando para poder produzir nossos alimentos, mas precisamos deixar claro que a soberania e a segurança alimentar dependem daquilo que nós, como países, façamos para tirar do anonimato e melhorar a situação de nossos produtores agrícolas”.

O debate foi dividido em quatro grupos de trabalho, nos quais foram discutidos diversos aspectos das posturas que a região proporá no encontro global, onde a ONU propõe estabelecer compromissos e medidas mundiais que transformem os sistemas alimentares, não só para erradicar a fome, mas também para reduzir a incidência das doenças relacionadas à alimentação e para favorecer uma melhor conservação dos recursos naturais.

Um dos grupos discutiu quais devem ser os princípios para a transformação dos sistemas alimentares. O consenso foi de que os sistemas do Hemisfério foram resilientes. Apesar de tudo, ficou acordado que devem ser aprofundadas transformações para uma maior sustentabilidade que considere tanto a dimensão econômica como a social e a ambiental. Também houve concordância de que a transição deve respeitar os modelos de cada país e evitar fórmulas universais.

Propôs-se, também, que deve a questão do pagamento pelos serviços ecossistêmicos deve ser considerada, questão central para a América Latina e o Caribe, grande reserva mundial de recursos naturais.

César Baranda, do Ministério da Agricultura e Pecuária do Paraguai, enfatizou a importância da cooperação técnica internacional. “Devemos buscar mecanismos que nos permitam compartilhar experiências, conhecimentos e tecnologias para gerar uma sinergia positiva”, afirmou.

Os que debateram sobre as demandas dos consumidores e a boa nutrição consideraram que as pessoas precisam ter acesso a informações completa sobre os alimentos para que possam ter acesso a uma dieta saudável.

Nesse sentido, enfatizou-se que os alimentos saudáveis não devem ser mais caros do que os ultraprocessados e que devem ser estabelecidas normas que assegurem a rotulagem, de maneira que os consumidores saibam o que comem. Também foi falado sobre a importância da educação, desde a infância, quanto aos benefícios de uma dieta saudável.

No grupo dedicado a estratégias de produção e assuntos ambientais, foi ressaltada a importância dos recursos de água e de solo e a agroecologia foi valorizada como uma alternativa para avançar para uma produção favorável à natureza e à proteção da biodiversidade. Também se pontuou que a ciência e a tecnologia devem ser acessíveis aos pequenos produtores. Cristina Jiménez, Assessora do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Colômbia, atentou sobre a contribuição que a recuperação dos sistemas alimentares ancestrais pode dar “como estratégia para a redução das vulnerabilidades frente à mudança do clima”.

Christian Kandler, funcionário da Direção de Política Exterior do Ministério das Relações Exteriores da Costa Rica, indicou a relevância de mencionar que os sistemas alimentares devem ser compatíveis com a conservação da biodiversidade. Omar Aguilar, Diretor de Políticas Agropecuárias do Ministério Agropecuário da Nicarágua, advertiu que as estruturas jurídicas que regulam a produção agroecológica nos países devem ser fortalecidas.

Outro grupo debateu sobre o papel das Américas nos sistemas alimentares globais e focou na heterogeneidade do Hemisfério, além de sua extraordinária importância para a segurança alimentar e a prestação de serviços ecossistêmicos. Também foi ressaltada a necessidade de reforçar os sistemas de proteção social. Shem Lindsay, representando o Governo de Granada, ressaltou que “o Caribe requer cooperação internacional e financiamento”, especialmente para melhorar seus níveis de investimento em infraestrutura, transporte e conectividade nas zonas rurais.

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